05 January 2007

Grizzly man --» *****

http://www.imdb.com/title/tt0427312/
Ano novo, filmes.... velhos! (ai os classicos!!) :-)
Este é "só" de 2005!
Werner Herzog proporciona-nos este documentario de beleza natural unica, recorrendo a filmagens feitas por Timothy Treadwell o santuario dos ursos pardos (Alasca) durante 13 anos!!! ...e ele estava sozinho! .... e muito perto dos ursos! :-0
... E ELE ERA COMPLETAMENTE MARADO!
E porque é que eu utilizei o passado? ...pois é, advinharam! Ele foi atacado e comido por um urso! (oh.. a surpresa... o horror!!)
Mas o interesse deste filme unico nao passa apenas pela experiencia limite do seu contador (Timothy Treadwell) ou por toda a sua dinamica e afecto por estes animais! Nao! Passa essencialmente pelo que o seu narrador (Werner Herzog) consegue somar ao documentario dando-lhe um contraponto e trazendo-o à realidade! Ele dá lucidez a um discurso poutado pela insanidade, para a seguir lograr eleva-lo a "em total simbiose com a natureza"!
Vos digo: este filme teria sido muito mau feito pelo Tim, mas com a mao de Werzog o filme resulta como o Yin e o Yang; o anjinho e o diabinho; o polo norte e o sul! ... so somando os extremos conseguimos uma obra profunda e limite como esta!
Uma obra a duas maos!

5 comments:

Zé Carlos said...

Esse filme é muito estranho.
A partir de certa altura acho que se torna numa cena um bocado degradante. No fundo, estás a assistir ao suicídio de um gajo altamente desequilibrado. (o gajo, claramente, não joga com o baralho todo : ).

daigoro said...

werner herzog diz: "Treadwell morreu. A discussão sobre o quão certo ou errado ele estava desaparece na distância, num nevoeiro. O que fica é o filme, e enquanto vemos os animais nas suas alegrias de SER, na sua graça e ferocidade, um pensamento torna-se cada vez mais claro, de que não é tanto uma visão da natureza selvagem, mas sim, uma viagem ao nosso interior, á nossa própria natureza."
Esta viagem ao submundo de um ser distanciado da realidade, só, e abandonado até pela própria realidade que criou sob re e para si, é difícil de ver, mas não me parece de todo degradante. De certa maneira a ambiguidade latente no seu ser, revela a nossa própria humanidade e a incerteza de todas as coisas sob u olhar humano. A doença(alcoolémia) que conquistou com a ajuda da sua vida no meio selvagem, e amor posteriormente sobre-desenvolvido, quebraram a barreira ainda existente entre humano e urso. Com o passar do tempo (13 anos), o seu afastamento da vida social humana levam-no a desejar ser divino, mais animal do que humano, digno da sua própria observação e admiração. A latência em direcção á sua própria imortalidade (vencer o medo e sobreviver no meio selvagem, naquele meio selvagem) onde mais ninguém consegue, confirmada pela camera, essa sim, divina, é a confirmação da sua mortalidade e do seu desejo de morte.
Um aspecto extremamente interessante é o jogo que perpetua entre a sua presença atrás da camera e á frente, como actor e realizador. O actor tem necessariamente de ser parte integrante de qualquer filmagem, influenciando e até por vezes determinando aquilo que se vê e a forma como se vê. O realizador, permanentemente "escondido" é deus, escolhendo e direccionando o plano (enquadramento), de forma a controlar o que é visto. Esta barreira é tornada cada vez mais ténue, chegando por vezes a estar em directa interacção a pessoa por detrás da camera com o objecto filmado (urso) - visível por exemplo num momento em que timothy de camera na mão tenta fazer festas a um urso que se aproxima, quase tocando no nariz. Mais uma vez reencaminho para a leitura da citação de Werner Herzog no início deste comentário.

Sergio said...

Se Treadwell é o actor e o realizador (Deus), o que é Herzog? Simplesmente o arcanjo que traz tudo a nossa mesa? :-S
Percebo o que estas a dizer em relaçao ao Tradwell, mas nao acho que tenha sido essa a intençao dele. Para mim, o resultado que SENTES é devido à excelente montagem de Herzog (sim, perante material mt sui-generis...)
Nao coemntaste nada em relaçao ao trabalho de Herzog. Gostava de ler essa tua reacçao...

daigoro said...

Nunca respondi a este teu comentário, por achar totalmente desnecessário. Mas uma vez que estou a rever algumas cenas antigas do blog, aproveito agora.

Entendeste-me mal. Treadwell é apenas a personagem que ronda o filme permanentemente. Herzog é como que o investigador que cola as peças todas e apenas noa apresenta o que quer e da forma que quer. Por isso eu começo com uma citação do próprio filme, de Herzog. Tudo o que eu comento e que nos é transmitido é implicitamente e/ou explicitamente pensado por Herzog. O que eu tentei fazer referência no meu primeiro comentário, foi precisamente a vários aspectos extremamente importantes do filme, que apenas saltam devido à sua construção. O mérito é todo de Herzog. Treadwell não fazia patavina do que estava a fazer. Todos os jogos de personalidade, realidades, etc. é tudo desse brilhante realizador, que ocasionalmente nos brinda com uma ou outra tretas (ex:Rescue Dawn)

daigoro

M said...

Realização e beleza natural à parte... Eu só me pergunto... O que é que este gajo acha que fez pelos ursos? Que diferença é que ele achava que fazia na vida dos bichos? Em que é que a tornava melhor, pelo simples facto de estar presente?!?! Louco...