15 June 2009

The Talented Mr. Ripley


Mr.Ripley uma das personagens mais fascinantes e perturbadoras de sempre da literatura policial, o anti herói que ninguém consegue ficar indiferente, pela sua amoralidade e complexidade.

Lá esta ADOREI!!! e devorei o romance policial (1955) da escritora Patricia Highsmith - The Talented Mr. Ripley.

Fui ver o filme, gostei…mas… desilude!!!! Esperava um Mr. Ripley (tal como descrito no livro) mais frio e enigmático e não com aquela fragilidade latente.

Um filme, realizado por Anthony Minghella (do fabuloso The English Patient) com Matt Damon (Mr. Ripey), Gwyneth Paltrow, Jude Law e Cate Blanchett, que é fundamentalmente um thriller com um excelente argumento que, na minha opinião, não faz justiça à grande obra literária em que se baseia.

A estória de um jovem sem perspectivas de futuro que tudo faz para sobreviver em N.Y., e que vê a sua vida mudar de um momento para o outro, quando é contratado para ir a Itália.

Com um cenário europeu como pano de fundo, amores e desamores, vigarices e trocas de identidade.

Um filme bom de ver!!! ;)

6 comments:

Heidi said...

Quanto a mim, só faltou a referência ao pequeno "grande" papel do maravilhosos Philip Seymour Hoffman!

E claro, o cenário da bela itália..... e as músicas :)

Sergio said...

Eu gosto mesmo mt deste filme! e da personagem d Ripley (embora desconfie q nao deve ser nem metade da q é no livro!)
Ele tem um misto entre malicia, ingenuidade e aquela vontade inabalavel de querer ser algo mais, custe o q custar! ...mas na mente dele, o q ee faz, nao é mau. era o q era "necessario" fazer! LOL
Acho poucos conseguiriam sacar a performance q o M.Damon consegue aqui, mas questiono-me se no livro ele era tao "ingenuo"....

Existe uma sequela, com o nosso amigo J. Malkovich, mas q é, na minha opiniao, mt mau!
"Ripley´s game" (http://www.imdb.com/title/tt0265651/)

daigoro said...

1) na minha opinião, a frustrada tentativa de tentar (atentar) a comparação entre um romance e uma adaptação fílmica são sempre de evitar - e até deplorar. Enquanto um nos permite voar livremente na nossa (imensa?) imaginação, o outro é uma visão única transversalmente transposta para um suporte que menos deixa à imaginação.

2) No que respeita ao filme, o que a personagem de Matt Damon apresenta não é ingenuidade e nem fragilidade. A fragilidade que nele se apresenta é relativa à sua inconstância psicológica que a qualquer momento pode entrar em erupção. A maior necessidade dele é a sua necessidade de aceitação (coisa que apesar de não ter lido o livro, acredito fortemente que faça parte do mesmo, uma vez que é esta a história que nos é apresentada). Nada o pára quanto à sua incessante busca de conforto, de companhia, de amizade. Ele cobiça o que os outros têm. Os mesmos atributos que o fazem inicialmente ser aceite por alguém (as imitações, a sua incrivel capacidade de observação) são também as que depois o fazem sentir diferente, e causam estranheza nas outras pessoas. Essa é a peça do puzzle que nos é revelada: ele próprio não sabe o que é.

daigoro

Sergio said...

Resposta a daiairagoro :-) :-P

1) obviamente um filme e um nao sao comparaveis (e é sempre injusta a comparacao) mas nao pelo q disseste : o filme deixar menos a imaginacao.
A comparacao é injusta pq inevitavelmente o livro irá dar-nos um nivel de detalhe, descricao e envolvimento nas cenas incomparavelmente superior. isso advem, em primeira instancia, do simples facto de um livro nao se ler em duas horas como um filme se ve! obviamente q pormenores q te colocam "na cena" no livro, nao podem constar do filme. Segundo, pq a forma narrativa do livro usa frequentemente um narrador q te dá imenso pormenor e descreve p ti o q se ve ou sente. se no filme, o realizador optar por nao ter narrador quem é q conta o q se ve ou sente? tem q ser as imagens por si so. e obviamente é mais facil alguem reparar numa coisa qd alguem a aponta p ti, certo??

Narizinho said...

1) Concordo quando dizem que não se deve comparar o acto de ler um livro com o de ver um filme, no entanto se, neste caso,um se baseia no outro a tendência natural é essa mesmo.

2)"A maior necessidade dele é a sua necessidade de aceitação", concordo, ele procurava ser OUTRA PESSOA, QUALQUER PESSOA,menos ele mesmo!Essa era a sua procura incessante e fazia o que fosse "necessario" para conseguir o objectivo.Ele achavasse inferior, incapaz de alguem o achar interessante e por isso fazia as imitações e um bocado o palhaço da festa.

Ele procurava outras pessoas, não por amizade,companhia ou conforto, ele nao tinha esses valores.
Era uma pessoa fria,calculista,indiferente não tinha sentimentos.

Saliento a cena no barco, ele fez o que fez de uma forma fria e calculista, conseguiram ver isso no filme!!!!!!!?????(pelo contrário há medo, dúvida,tentativa de reconciliação, etc..)

ele tomou a identidade de outra pessoa, perceberam alguma diferença!!!!???

Ele teve várias "crises" de pânico, não por arrependimento, mas pelo risco de ter que abandonar a identidade que ele tanto admirava e que TINHA ADOPTADO.Isso infelizmente, não nos é mostrado no filme.

daigoro said...

1)Sergio: dizes portanto que não é por causa do poder da imaginação única de cada pessoa -imbuidos no universo do autor e da obra- que o livro é superior?

porque não vês tu mais filmes dos difíceis? daqueles longos, mais intelectuais, "pesados"?!? porque te exige envolvimento, entrega.

O estímulo contido numa camara contemplativa é o mesmo, no abandono, aos estímulos contidos num livro. E falo aqui da interpretação, mais ou menos livre, assim como da relação espaço-tempo evidenciada numa obra.

Consideremos, por exemplo a descrição de um quarto num livro e a mesma descrição numa panorâmica de camara. Quanto mais longa e entrecortada com pormenores for a filmagem, menos tens de pensar. Reconheces imediatamente os objectos, a data deles, o seu estilo, o seu valor, etc. No livro a descrição poderá ser efectuada de qualquer outro modo, seduzindo-te. E afinal o que é a sedução senão o estimular da imaginação?

No livro, o envolvimento que fazes, além de muito pessoal - dás atenção aos pormenores que queres, e caso "saltes" partes enquanto fazes "filmes" na tua cabeça, apenas alguns voltarão atrás procurando o total entendimento da obra - esse envolvimento também se condiciona ao teu ritmo de leitura e tempo disponibilizados. No filme esse envolvimento é ainda mais condicionado temporal e ritmicamente pelo realizador e editor. No entanto, os pormenores estarão lá, e é precisamente por teres o dedo a apontar que olhas literal e imediatamente para o que te é mostrado e desconsideras a envolvência, a subtileza dos pormenores.

2) Narizinho; o meu ponto 2 referia-se unicamente ao filme como objecto unico: tenho a ideia de que terás estado permanentemente a comparar ambas as obras. No entanto:

a) Tom Ripley quer ser uma pessoa, mas não uma qualquer. Ele quer no fundo definir-se, sentir-se definido, e a única forma de isso vir a acontecer será através dos olhos de outras pessoas. No início do filme, Tom é invisivel. Trabalha nos WC públicos e as gorjetas são deixadas num pequeno prato. Mais tarde assiste a um pouco do concerto escondido, sentindo-se comovido com as emoções apresentadas e representadas por outros seres.
Ele nunca faz de palhaço da festa. E as imitações usa-as amiúde, e como factor de curiosidade e de agressividade face ao seu interlocutor, provocando-o, provocando emoções, reacções.

b) as palavras que usei não serão as mais indicadas, mas para bom entendedor... ele procurava a amizade e companhia reflectidos nos outros. Ele próprio, sociopata, será incapaz de o sentir. O conforto é a vida luxuosa que leva em Itália e à qual se habitua.

c) cena do barco: usas frio e calculista variadas vezes, no entanto, isso não quer dizer que ele tenha tomado a identidade de Dickie de forma premeditada. Aliás, o que ele faz assim que chega a Roma é registar-se em 2 hoteis, em nome de ambas as personagens, e enviar recados de um hotel para o outro, o que de certa forma perpétua a ambígua relação que Ripley tinha com Dickie. Ripley queria tanto ter Dickie na sua vida quanto queria ser ele.
O medo que há é depois do acto impulsivo. E esse medo pode representar um medo de morrer, assim como de que Dickie, objecto do seu desejo morra. Dúvida não existe nessa cena, a não ser a que ele projecta em Dickie relativamente à sua indecisão na vida. E não há nenhuma tentativa de reconciliação, a não ser q te refiras ao momento mesmo antes da discussão quando Ripley refere q vai tentar voltar a Itália depois da passagem de ano. No livro, durante a cena do barco, fica absolutamente clara a intenção de Ripley roubar a identidade a Dickie?
O calculista percebe-se, por exemplo quando estuda musica jazz antes de ir para Itália e penetrar na farsa q está prestes a protagonizar. Ao pensarmos o que ele está a fazer entendemos de facto o calculista nele, e chegamos mesmo, se conseguirmos ultrapassar a simples acção, precognizar um futuro dramático.
O momento em q Tom Ripley imita o pai de Dickie e conta o que está em itália a fazer, é tão impulsivo e estranho que não poderia ser calculado e preparado. Ou podia?

daigoro