11 April 2008
"Network", de Sidney Lumet [1976]
Talk about bad T.V..
"Network" é um filme de 1976, de Sidney Lumet, que eu apenas havia "visto" em "Serpico", 1973, ou em "12 Angry Men", 1957 , ambos óptimos exemplos da necessária maestria apontada a um realizador, e Network não foge à linha de um realizador interventivo, à frente do seu tempo, colocando questões que nós (alguns) apenas nos colocamos agora. E mais do que as colocar, julga-as no mesmo MEIO que usa para as expor, a T.V.. Sim, a t.v., mas em maiúsculas. Aquela que nos deteriora a mente. A manipulação da mente através da programação, baseada em estudos de mercado e em campanhas de marketing. Como diria o "Bulworth" ( de Warren Beaty, 1998), "Cut to commercial, cut to commercial".
Sidney Lumet expõe de uma forma displicente, e sem categorizar, contemplar, ou julgar, a ética de mostrar os vários aspectos da nossa cultura actual, e principalmente no preço que asseguradamente todos nós têm pendente sobre a sua cabeça, como passível de ser vendável, ou potencial comprador de determinado produto.
A premissa do filme não poderia deixar de ser apelativa. Um apresentador de telejornal é despedido, entrando numa espécie de transe expondo a sua raiva, profetizando revelações concernentes a todos. O canal de televisão resolve explorar esta precognição de tão invulgar profeta.
Um elenco de luxo, com Peter Finch à cabeça, vencedor de vários prémios incluindo o Oscar para melhor actor. Elenco de luxo tendo arrebatado os Oscares dos actores neste ano quase todos, incluindo o de melhor argumento original. Faye Dunaway, está uma princesa do gelo, bela e distante, Robert Duvall, aguerrido e com a ganância verde nos olhos, bem viva.
A realização de Sidney Lumet é consciente e extremamente consistente, mostrando de forma voyeurística aquilo que já é observado, quer pelo espectador, como incógnita sempre presente do mundo da televisão, quer pelos responsáveis pelo canal de televisão que resolvem colocar Howard Beale no ar, juntamente com as suas "lunáticas" e proféticas visões enraivecidas. A camara de Lumet deambula entre este mundo, conscientemente assumindo a existência desse invísivel (o público), mas colocando-se de forma fatídica à margem de qualquer envolvimento.
Este não é um filme sobre a televisão, mas sim sobre o abusador poder desta, e a sua esmagadora capacidade de vulgarizar, talvez mesmo destruir, tudo aquilo em que toca.
"All we say is,
«Please. At least leave us alone in our living rooms.
Let me have my toaster, my TV, my steel-belted radials.
I won't say anything. Just leave us alone.»
I'm not gonna leave you alone.
I WANT YOU TO GET MAD."
Howard Beale, in "Network"
daigoro
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5 comments:
Get HUNGRY PEOPLE! GET HUNGRY!!
GET HUNGRY. get hungry and say I WILL nOT SUCK ANYMORE. THOSE DRYED COCKS.IF you CANT GIVE UP that AT LEAST PLEASE search in google for other cuntsandcocks.
Bebo deste filme e gargarejo. gragragragragra.GLUP.
Fiz agora uma sopa. picante como tudo. MEtade ja marchou.
No podcast que ouco sobre cinema (www.filmspotting.net), eles estao sempre a referenciar este filme. Ate já esta na lista de “nao podemos estar sempre a falar nele”.
Estava intrigado, mas Lumet nao é um realizador q me fascina por ai alem...talvez pelo facto de ser muito “por-se á margem e deixar a historia levar a melhor”. Mas sempre fiquei com o bichinho de sacar isto.....
Mas agora vi o link p o IMDB p o “12 angry men” e qs nem me acreditei na pontuacao q aquele filme tem....8,8 --> 13° best picture of all times in the 250 IMDB top ???????
É assim tao bom? Se tiver q escolher um dos dois p ver primeiro, devo ir pelo “Network” ou pelo “12 angry men” ?
São ambos muito bons. E ambos muito diferentes. Corrijo o que havia dito, pois também já havia visto o "Dog Day Afternoon" (1975) que explora também este fatalismo da televisão como entidade.
O "12 Angry Men" é mesmo muito bom, quanto à sua filmagem, mesmo um realizador médio/bom pode ter rasgos de génio. Não me recordo se a sua filmagem neste filme também é assumidamente voyeurista, mas dada a estória eu diria que é possível. A opção na realização, ou tendência, no filme "NETWORK" é desarmante.
Estes dois filmes, na minha opinião, são obrigatórios. São CLÁSSICOS como deve de ser.
daigoro
Ora, como havia dito fiquei super-surpreendido com o ranking do "12 angry men" e lá tive q o sacar...e, acabei de o ver agora.
Isto é o q tenho a dizer:
Sem duvida alguma a obra de Lumet tem um e um só tema/fio condutor: a busca de justica. Nota-se perfeitamente q o persegue e ele aceita de bom grado esta "busca pelo holy grail". ele vai á luta. nao foge dela!
e é exactamente a superforca deste filme....esse assumir da luta, perante todas as adversidades , contra tudo e contra todos ... alias a propria permissa deste filme! (Serpico ,tb, é um claro exemplo disso mesmo!!)
No filme é claro (e necessario) o ambiente de claustrofobia, caisa q Lumet sabe potenciar com mestria: o fecho d porta á chave, a camara a andar por meio dos personagens, ninguem sair nunca da sala, o calor horrivel, etc...
o desenvolvimento dos personagens é soberba, encontrando perfeitamente o esteriotipo q procura e entregando a fala no momento certo...na realidade ste é um filme de tribunal contado pela outra prespectiva, a dos juris...uma reviravolta simples p o genero mas q funciona mt bem!
MAS (sim existe um mas!!!) ...MAS, falta um punch qq q nao consigo descrever, falta aquele efeito bigger then film q torna um filme "um classico como deve ser" e este, Bruno peco desculpa, nao o tem! é mt bom, bem feito e em termos de personagens é um dos melhores, mas nao vive á reputaçao d "13 melhor filme de todos" ... talvez la p 50º :-DDD ...but who´s counting, right?
;-)
O prox é o "Network"....
Prontos..."Network" tb ja esta no papo! ...e ainda bem pela recomendaçao! :-D
Só tenho duas coisas a dizer (e quem vir o filme entende-as perfeitamente):
1ª este é o verdadeiro classico de Lumet...visonario, pungente, brutal! ...tal como a vida!
2ª "I'm mad as hell and i can´t take this anymore!"
Incrivel...venham mais como este! ...vamos substituir o 13º lugar! :-D
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